sexta-feira, março 26
A Democracia segundo José Saramago
“O sistema democrático já não é democrático. Podemos escolher os nossos representantes, [...] mas a verdade é que a nossa capacidade de mudarmos os destinos do país e do mundo está limitada pela própria organização democrática. O poder efectivo real é, sem dúvida, o poder económico. [...] A democracia é uma plutocracia. O poder económico não é democrático, o que se torna na grande contradição do sistema. [...] Apesar de podermos eleger os nossos governos, não chegamos nem mais alto nem mais longe, porque os governantes são comissários políticos do poder económico.”
“A democracia não é um ponto de chegada, mas de partida. Quando acordámos livres no 25 de Abril de 1974, não estávamos em democracia. Estava tanto por começar... Trata-se de um processo incompleto, a que pode suceder algo negativo, assistindo-se à sua redução constante.”
“Vivemos num mundo em que tudo se debate, da terceira idade à ecologia, em mesas-redondas, colóquios, simpósios, milhões de pessoas reúnem-se para discutir, mas a democracia não se debate, como se fosse um dado praticamente intocável. Parece-me mais do que absurdo que assim seja.”
“Devíamos recuperar o gosto pelo debate, não no sentido de uma retórica, mas da confrontação com os graves problemas do mundo. Às vezes, diz-se que há demasiada política, eu acho que há demasiados políticos.”
“Quando falamos da Humanidade, parece que estamos a referir-nos a uma abstracção. Estão aí, os indivíduos, mas quem são eles? Quem somos nós? As grandes massas estão subjugadas, já não digo por um poder ideológico, mas por um fenómeno de globalização económica, que se transformou numa globalização política.”
“Gostaria de viver o momento em que, nalgum lugar, pudéssemos assistir a uma manifestação de uma vontade política maioritária em que os cidadãos pudessem dizer: «Isto não presta; precisamos de algo melhor!»”
Da entrevista publicada na edição de 25/03/2004 do Diário de Notícias
“A democracia não é um ponto de chegada, mas de partida. Quando acordámos livres no 25 de Abril de 1974, não estávamos em democracia. Estava tanto por começar... Trata-se de um processo incompleto, a que pode suceder algo negativo, assistindo-se à sua redução constante.”
“Vivemos num mundo em que tudo se debate, da terceira idade à ecologia, em mesas-redondas, colóquios, simpósios, milhões de pessoas reúnem-se para discutir, mas a democracia não se debate, como se fosse um dado praticamente intocável. Parece-me mais do que absurdo que assim seja.”
“Devíamos recuperar o gosto pelo debate, não no sentido de uma retórica, mas da confrontação com os graves problemas do mundo. Às vezes, diz-se que há demasiada política, eu acho que há demasiados políticos.”
“Quando falamos da Humanidade, parece que estamos a referir-nos a uma abstracção. Estão aí, os indivíduos, mas quem são eles? Quem somos nós? As grandes massas estão subjugadas, já não digo por um poder ideológico, mas por um fenómeno de globalização económica, que se transformou numa globalização política.”
“Gostaria de viver o momento em que, nalgum lugar, pudéssemos assistir a uma manifestação de uma vontade política maioritária em que os cidadãos pudessem dizer: «Isto não presta; precisamos de algo melhor!»”
Da entrevista publicada na edição de 25/03/2004 do Diário de Notícias
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